"I Have a Dream"
( Eu tenho um sonho), discurso realizado
por Martin Luther King em 23/3/1968, em Washington, sobre a
defesa dos direitos e cidadania dos negros
"Eu estou contente em unir-me a vocês no dia que entrará
para a história como a maior demonstração pela liberdade
na história de nossa nação.
Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos
sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de
Emancipação.
Esse importante decreto veio como um grande farol de
esperança para milhões de escravos negros que tinham
murchados nas chamas da injustiça.
Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de
seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente
inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de
discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza
no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem
anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade
americana e se encontram exilados em sua própria terra. (...)
Agora é o tempo para transformar em realidade as
promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da
segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
(...) No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós
não devemos ser culpados de ações injustas. (...)
Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não
puder votar no Mississipi e um Negro
acreditar que ele não tem motivo para votar. (...)
Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que embora nós
enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda
tenho um sonho.
É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho, que um dia esta nação se levantará e
viverá o verdadeiro significado de seus princípios - nós
celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos,
que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho, que um dia nas colinas vermelhas da
Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos
dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar
junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho, que um dia, até mesmo no estado de
Mississipi, um estado sufocado com o calor da injustiça,
sufocado com o calor de opressão, será transformado em
um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho, que minhas quatro pequenas crianças
vão um dia, viver em uma nação onde elas não serão
julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu
caráter.
Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho, que um dia, no Alabama, com seus
racistas malignos, com seu governador que tem os lábios
gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo
dia, no Alabama, meninos negros e meninas negras poderão
unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas
como irmãs e irmãos.
Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho, que um dia, todo vale será exaltado, e
todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares
ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão
endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a
carne estará junta.(...)
E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da
liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda
moradia, em todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade,
nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as
crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus
e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e
cantar nas palavras do velho espiritual negro, 'Livres afinal,
livres afinal.
Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal'."
Bibliografia O discurso em inglês foi extraído do site: The Martin
Luther King Jr. Papers Project (http://www.stanford.edu/group/King/)
Martin Luther King , Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 — Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político estado-unidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Ele foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".
Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas batistas. King era seguidor das ideias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano também conhecido como Mahatma Gandhi), e aplicava essas ideias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não-violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos EUA, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; e essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos EUA a partir do começo da década de 1960.
Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).
King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não-violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Alabany (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir participou dos protestos em Birmingham (1963), e do protesto em St. Augustine (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma.
Em 14 de outubro de 1964 King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento a sua naçao e à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.
Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março.
Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas 6 blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país, e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou desta marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estado-unidense, e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Este ato tresloucado causou surpresa e indignação de muitos ativistas locais.
A marcha finalmente se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power".
Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, mas depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos.
A partir de 1965 o líder negro passou a duvidar das intenções estado-unidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e novamente em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempenhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a pobreza (a Campanha dos Pobres), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.
Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.
Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois repudiou sua confissão. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King.
Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Martin Luther King Jr. | |
---|---|
Martin Luther King | |
Nome completo | Martin Luther King, Jr |
Nascimento | 15 de janeiro de 1929 Atlanta, Geórgia Estados Unidos |
Morte | 4 de abril de 1968 (39 anos)Memphis, Tennessee Estados Unidos |
Ocupação | Pastor protestante e ativista político |
Ativismo político
Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar em um ônibus para uma mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote aos ônibus de Montgomery para protestar contra essa imprudência a segregação racial em vigor no transporte. Durante a campanha de 381 dias, co-liderada por King, muitas ameaças foram feitas contra a sua vida, foi preso e viu sua casa ser atacada. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas batistas. King era seguidor das ideias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano também conhecido como Mahatma Gandhi), e aplicava essas ideias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não-violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos EUA, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; e essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos EUA a partir do começo da década de 1960.
Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).
King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não-violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Alabany (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir participou dos protestos em Birmingham (1963), e do protesto em St. Augustine (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma.
Em 14 de outubro de 1964 King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento a sua naçao e à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.
Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março.
Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas 6 blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país, e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou desta marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estado-unidense, e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Este ato tresloucado causou surpresa e indignação de muitos ativistas locais.
A marcha finalmente se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power".
Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, mas depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos.
A partir de 1965 o líder negro passou a duvidar das intenções estado-unidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e novamente em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempenhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a pobreza (a Campanha dos Pobres), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.
Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.
Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois repudiou sua confissão. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King.
Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
[ Bibliografia e referências
- GARROW JR., David. The FBI and Martin Luther King. New York : Penguin Books, 1981. ISBN 0-14-006486-9
- BENNETT, Lerone. What manner of man: a biography of Martin Luther King, Jr. New York : Pocket Books, 1968
- BRANCH, Taylor. Parting the waters: America in the King years. New York : Simon and Schuster, 1989